20 de janeiro de 2017

SOU


Sou um homem um tanto lógico
Cartesiano
Não tenho problemas psicológicos
Sou mediano
Medíocre no sentido básico do termo
De modo que ando a termo entre a lucidez e o sonho
Sem o sofrimento de muita gente bem
Vivo zen
Sem amealhar dinheiro
Mas com proventos que aproveito
Até o fim de cada mês do ano
E quando chega o fim de cada ano
Renovo todos os propósitos de não ter planos
De ir assim como um pequeno barco no oceano
Ao sabor das ondas
Que golpeiam o casco
Até chegar o dia incerto e não sabido
Mas bem previsto
De aportar em qualquer cais inominado
Pelo único fato de se estar vivo
E aí deixar de ser quem sou
Sem mais motivos

Barcos e velho ancoradouro, Jurujuba (foto do autor).

5 de janeiro de 2017

SOL LUA ESTRELAS


Quando o sol se levanta
Estou deitado
Quando ele se deita
Estou de pé
A lua
Esta tonta
Há tanto não me serve de ponto
Pois a cada dia está num canto qualquer
As estrelas
No entanto
Reles estrelas a coruscar num céu de espanto
Já não brilham por aqui
(Ainda que digam que a Via Láctea se expande)
Desde que assestei meus olhos
Nos céus de uma cidade grande

Lua crescente, com árvores, na Bicuda (foto do autor).